"Guerreiros do Sol" - Crítica de estreia

 

Nesta quarta-feira (11), a Globo, através de sua plataforma de streaming Globoplay, junto com o canal GloboPlay Novelas, na TV por assinatura, estreou "Guerreiros do Sol", escrita por George Moura e Sérgio Goldenberg, sob a direção de Rogério Gomes, o Papinha.

Com uma abertura solar, embalada por um forró pé de serra, o material faz um apanhado da narrativa que será contada ao longo dos seus 45 capítulos. A trilha sonora, arrasta-pé, deve dominar os episódios, musicalmente entoados pelas festas no sertão. Provavelmente, ouviremos muito de Elba Ramalho, Moraes Moreira, Chico César, entre outros grandes mestres do gênero.

A fotografia se destacou em meio a iluminação, que por alguns momentos pecou com a falta de nitidez e brilho nas noites do cangaço. A sombra no rosto dos atores ficou evidente demais, até o ponto de não se identificar quem era o personagem por de trás da voz.

Mas vale salientar que, diferentemente das produções com esta mesma temática, a imagem "amarelada" não se fez presente. Ponto positivo para o pessoal da ilha de edição e, claro, para a direção de fotografia.

A pouca presença de stock-shots deu um ar diferente para a narrativa que se passa à céu aberto. Ao mesmo tempo que ficou devendo, as poucas imagens de ambientes que foram exibidas, exaltaram a beleza da região. 

Os figurinos se adequam à história contada, então, nada se podia fugir dos estereótipos, mas a maquiagem chamou a atenção pelo fato de ser a mais natural possível. Praticamente, os atores foram expostos à luz do sol para dar o tom do sertão à pele. Ponto também para a cicatriz no rosto de 'Miguel Ignácio', de Alexandre Nero.

E se falamos da caracterização, a equipe de efeitos visuais também merece destaque pelas cenas de tiroteio com as armas e sangue quase que verossímeis. 

A história romântica de 'Rosa' e 'Josué', ao melhor estilo Maria Bonita e Lampião, em uma versão moderna, mas fictícia, traz o olhar feminino e mais ameno das guerrilhas no cangaço. Prova tal, é que a disputa por posses, ao menos no primeiro capítulo, ficou entre a família de cangaceiros de 'Josué' contra a do coronel 'Elói'. [Na história de Lampião e Maria Bonita, o grupo do cangaceiro enfrentava várias comunidades e fazendeiros, na busca por seus bens materiais].

Como destaque neste primeiro episódio, Isadora Cruz em nada lembra 'Roxelle', de "Volta Por Cima" (2024), e olha que "Guerreiros do Sol" foi gravada antes da trama de Cláudia Souto; Thomás Aquino, Alice Carvalho, Daniel de Oliveira e José de Abreu também roubaram à cena.

Aliás, a química entre Cruz e Aquino, os protagonistas desta história, deu liga. Os entreolhares dos personagens mostrou que a escalação e preparação dos atores foi bastante intensa e proveitosa. Convencerão no ar!

Para encerrar, a moderna história de Lampião e Maria Bonita inova e ousa ao trazer pautas como a masturbação feminina e a formação de um casal LGBTQIAPN+. Agora, é esperar para ver como o público irá repercutir as novas temáticas.

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Foto: Divulgação/Globoplay.

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