CRÍTICA DE NOVELA - #ALeiDoAmor


Nesta sexta-feira (31), a TV Globo se despede de “A Lei do Amor”, novela das 21h, com a certeza de jamais querer lembrar, e quiçá, reprisar, a produção assinada por Maria Adelaide Amaral e Vicent Villari, com a direção artística de Denise Saraceni. 

Dividida basicamente em duas fases, o folhetim, ao longo de seus míseros seis meses no Ar (de Outubro/2016 a Março/2017), totalizando 161 capítulos, parece ter durado uma eternidade, do quão chato e intragável foi.

Errada desde a sua escalação e passagens de tempo, logo de cara, assustou o público trazendo ‘Magnólia’, da excelente Vera Holtz, por exemplo, com uma mudança apenas de cabelo entre as fases. Outro erro grotesco foi a cena em que ‘Mag’ e ‘Tião’, na primeira fase, têm um rápido caso; nesta cena de flashback, o personagem é interpretado por um jovem ator e a megera, por Holtz; na segunda, e atual fase, ‘Tião’ é vivido pelo experiente José Mayer e a vilã ainda por Vera. Que coisa, não?!

A abertura da trama, acusada até de plágio, foi instigante, uma vez que ainda procura-se entender que relação ela tem com o seu título, que também não foi justificado ao longo dos seus capítulos. Afinal, qual é a lei do amor? Uma vez que vimos traições, mortes, sequestros, falcatruas... Desestimulou quem ainda acredita, ou acreditava, neste nobre sentimento.

O tema de abertura, “Trenzinho do Caipira”, foi uma escolha acertada e de extremo bom gosto. Ney Matogrosso deu um show de interpretação com a composição de Heitor Villa-Lobos.

O folhetim até que não fez um uso abusivo de stock-shots (imagens sem a presença de elenco), porém se valeu de muitas “barrigadas”, ou os famosos enxertos, que cansaram, e muito, o público. A trama ficou arrastada, repetitiva e sonolenta. O “mistério” “é ‘Isabela’ ou ‘Marina’?” perdeu feio para o episódio do “Chaves”, em que o ‘menino do 8’ questiona se “é o Quico ou o gato?”. E o que falar das chatices da insossa ‘Letícia’, principalmente no começo da história da personagem?
  
A edição, assim como as chamadas dos capítulos, na contramão dos erros acimas mencionados, ganhou destaque após as várias modificações nos rumos da novela, promovidas por grupos de discussão e a marcação cerrada de Sílvio de Abreu, responsável pela Teledramaturgia da casa. Já nesta reta final, “A Lei do Amor” passou a ficar tragável, com cenas de ação e dramas interessantes.

As caracterizações das fases foram bem assertivas, mas, ao mesmo tempo, alguns personagens, como ‘Magnólia’ e ‘Fausto’ (Tarcísio Meira), por exemplo, não convenceram. Só retiraram a peruca da atriz, que na segunda fase usou seus cabelos reais, e retiraram as fitas e reduziram a maquiagem do rosto de Tarcísio. Quanto ao figurino, foram apresentas peças muito interessantes, em especial os de ‘Luciane’ (Grazi Massafera) e ‘Gigi’ (Mila Moreira). 

A cenografia foi outro fator bastante positivo da novela. Cenários bonitos e cidade cenográfica bem utilizada dada às necessidades das histórias.

Diante de uma trama inconstante, com vários erros, situações controversas e até inverossímeis, o folhetim tem que agradecer a Claudia Raia, Grazi Massafera, Tarcísio Meira, José Mayer e Vera Holtz pelos poucos momentos de vontade de se assistir a produção. Alice Wegmann se mostrou uma excelente atriz, mesmo fazendo um personagem dúbio, que visivelmente, nem a intérprete entendia. Claudia Abreu foi outro bom destaque da trama com o drama de ‘Helô’ pela nova gestação, a recidiva da doença da filha e o seu sequestro; já a química com Reynaldo Gianecchinni (‘Pedro’) nunca existiu: casal de protagonistas que não protagonizou!

“A Lei do Amor” sai de cena com o título de segunda pior novela das 21h dos últimos anos. Perde somente para “Babilônia” (2015). E que fique claro que o blog é admirador de Maria Adelaide Amaral, que já fez inúmeros outros trabalhos maravilhosos. Este foi apenas um “acidente”!


por Fa Marianno (@Famarianno)

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